Recordando o passado - Armando Guimarães, sempre

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Armando Guimarães, sempre.


Maio de 2002 - homenagem

Numa jornada promovida por atletas de há 27 anos o F. C. Cesarense e os elementos da equipa de juniores da época de 1975/76 promoveram uma homenagem a Armando Guimarães, um homem que, como treinador dos mais jovens, marcou humana e desportivamente

várias gerações que com ele tiveram a honra de trabalhar


Foi uma jornada de recordação, sem saudosismos, mas de alegria pelo testemunho que em vida o homenageado foi capaz de transmitir a quantos com ele privaram. De manhã foi celebrada missa de sufrágio, seguida de romagem ao cemitério.

onde foi deposta uma coroa de flores no mausoléu do homenageado, enquanto à tarde, no Estádio do Mergulhão teve lugar um jogo amigável de futebol entre a actual equipa de juniores do Cesarense e a de há 27 anos.

APROVEITAR O SEU EXEMPLO

“Quando as pessoas marcam outras é porque têm valor e Armando Guimarães marcou a vida daqueles que com ele conviveram”, afirmou o padre Vieira Cavadas, à homilia. O sacerdote acrescentou que o recordava “não com saudosismos mas com firmeza e alegria, como alguém que soube viver a vida como Deus quer e que deixou o seu testemunho”.

Já no cemitério, Pélé, um dos pupilos de há 27 anos, considerou que celebrava-se “a festa do valor humano. Armando Guimarães não privilegiava o toque na bola mas o valor da juventude. O que nos deixou é muito, um exemplo de vida de entrega aos outros”.

À noite, após o encontro de futebol

No Restaurante do Lindoso, vários oradores referiram-se à personalidade e ao trabalho altamente meritório desenvolvido pelo homenageado. Domingos Campos, capitão de equipa júnior da época 1975/1976 e porta-voz da equipa fomentadora da homenagem, enalteceu a grande dimensão humana de Armando Guimarães, “um homem que conseguiu que todos tivéssemos ansiedade em ir aos treinos e a alegria de jogar ao sábado. Cativou a família Cesarense a ir ao futebol ver os juniores”.

O médico do clube à época, Dr. António Vasconcelos, realçou a justeza da homenagem porque “Armando Guimarães teve sempre na sua mente não só formar bons atletas e a conquista de vitórias desportivas, mas sobretudo formar homens. Recordo os jantares que promovia com os jovens e as palestras que me pedia para lhes fazer, versando temas sempre dirigidos ao atleta e ao homem”. Aquele clínico louvou o grupo que promoveu a homenagem, porque foram “coerentes, reconhecidos e gratos e a gratidão é a maior prova de amizade para com alguém”, concluiu.

UM HOMEM QUE MARCOU

“Armando Guimarães foi de facto um homem que marcou. Teve uma acção muito grande sobretudo no espírito e na personalidade dos jogadores jovens”, reconheceu o presidente da direcção de então. Justino Rocha fez notar que o homenageado “amou o futebol, porque fazia parte dele mesmo, e os praticantes, um a um, sempre com uma palavra de incentivo, de ânimo de esperança”. Considerou que os promotores da homenagem “deram-nos hoje provas de sólida formação moral”, porque “o Guimarães foi sempre um homem de mãos limpas e alma lavada, um senhor grande, de quem fostes aprendizes, para acabardes amigos e admiradores de uma postura, simplicidade e finura de trato”.

EM NOME DO FUTEBOL CLUBE CESARENSE

Joaquim Eugénio da Silva, vincou que “o clube orgulha-se de ter tido ao seu serviço o homem impoluto, o cidadão exemplar, o desportista nato e de rara sensibilidade, como Armando Guimarães sempre o foi, dando a tantos atletas que despretensiosamente orientou e até aos próprios dirigentes o raro perfume do saber ser e do saber estar. Acima das leis do futebol e da técnica, Armando Guimarães preocupou-se em fazer deles verdadeiros cidadãos”. O Futebol clube Cesarense estar-lhe-á eternamente grato na certeza de que deu um precioso contributo para a continuação e bom nome deste clube.

FESTEJAR A BOA MEMÓRIA

Em representação do homenageado, o filho, Dr. Abílio Guimarães, considerou que estava ali a “festejar a boa memória. Tomemos nos braços a lembrança de um passado que nos trouxe aqui e juntos elevemos aos vindouros a memória colectiva que nos une. E o nosso treinador e, por circunstancia meu pai, faz parte integrante dessa memória. É bom lembrar quem merece ser lembrado, um homem defensor intransigente dos seus princípios, exigente e directo, conciliador e afável. Assim era o meu pai, que morreu com a mesma dignidade com que viveu”. Depois de ler dois documentos elaborados à época e relativos a apreciações que fizera aos seus pupilos, Abílio Guimarães concluiu, pedindo que aquela amizade jamais fosse esquecida.

“Estes convívios significam amor, gratidão e respeito para com todos aqueles que concorreram e concorrem para o bem espiritual da sociedade”. As palavras pertencem a Manuel Guimarães, irmão do homenageado que a determinada altura da sua intervenção disse “não poder resistir ao sentimento alargado deste ajuntamento, para homenagear alguém que, acredito, estar envolvido entre nós de alma e coração. Nós estamos vivos, assim como a todos aqueles que nos deixaram. Estes momentos levam-nos mais longe e deixam-nos felizes”. O orador lembrou a honra que teve, quando há cerca de quarenta anos, juntamente com os irmãos Armando e António, representou o Cesarense, convidado por Abílio Campos. “Passamos em Cesar momentos de grande alegria da nossa mocidade, hoje voltamos a senti-la, embora em circunstâncias que a vida nos impõe. Agradeço e dou os parabéns à juventude de Cesar, aos directores do clube desta grandiosa terra, sem esquecer aqueles que contribuíram para este espaço de reflexão que na vida é alimentado em grande parte pelos valores dotados espiritualmente”.

PARA ALÉM DO CONVIVIO


E do sentido de gratidão para com Armando Guimarães, a jornada ficou ainda assinalada, antes do inicio do jogo de futebol, pela entrega de duas salvas em prata aos filhos do homenageado. Enquanto Justino Rocha, em nome dos atletas de há 27 anos, entregou uma a Abílio Guimarães

o sócio nº 1 Joaquim Silva (Neca) acompanhado por Joaquim Eugénio da Silva entregou em nome do Cesarense uma outra a Pedro Guimarães.

Joaquim Eugénio da Silva

3 De Fevereiro de 2010

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